Nunca imaginei que ia ficar na cama, porque eu comi besteiras durante a semana. Descobri a palavra azia, foi uma surpresa ruim. A escritora mexicana Ángeles Mastretta foi quem definiu a vida feita de surpresas. É uma maneira diferente de enxergar o mundo e os acontecimentos, mudou a minha perspectiva da vida, (as dores de cabeça também mudaram).
Me ligaram hoje à tarde, disseram:
- você foi convidada pra um casamento
- ah sim, obrigado - eu respondi
Eu senti uma enxaqueca, vinda de lugar nenhum. Provavelmente, a análise da vida podia explicar o surgimento desse sintoma. Uma dor de cabeça não pode ser apenas uma dor de cabeça, fiquei pensando nas atitudes alimentares, amorosas, familiares e amizades. Chegando à conclusão de que eu, definitivamente, não sou a melhor pessoa para escrever sobre a vida.
Essa conclusão, eu já sentira alguns anos atrás. A minha incapacidade de escritora define esse jeito desajeitado de viver, as pessoas que eu conheci, outras pessoas que eu deixei. Na realidade, eu só gostava mesmo de conhecer pessoas novas, ouvir o que elas tinham a dizer, aprender coisas novas e etc. De repente, comecei a sentir repulsa, me pareceu que a vida estava muito rotineira. Todo o mundo deseja ser Bukowski.
Senti dor de cabeça, passei dois dias acamada, desejando não sentir a mesma dor de novo. A única coisa que me passou pela cabeça, além dos arrependimentos, das surpresas de raciocínios e a impossibilidade de ler poesia. Foi o óbvio! Lavei os meus cabelos curtos com shampoo cheiroso, vesti roupas limpas, escovei os dentes. Diante da cama, prestes a dormir, o óbvio foi tão intenso: "minha nossa senhora dos duendes malignos, por que há tantos adjetivos e advérbios nos meus textos? Esses duendes são uns pentelhinhos, colocam vírgulas onde não devem, escrevem palavras desnecessárias e lotam o seu texto com advérbios".
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