sexta-feira, 6 de junho de 2014

Poetas populares

À Elisa Lucinda

O povo não conhece os seus poetas populares
Um violeiro morreu atropelado no meio da calçada
Cantava música de caipira
Que ninguém conhecia
A viola morreu desconsolada
Porque nenhuma criança queria aprender tocá-la
O povo esquece os seus poetas populares
Que cantavam uma história de sangue e glória
De um povo que o povo não quer lembrar
A memória do Brasil é uma invenção Brazileira
O povo que morre à toa por tristeza

Falta d’ comida
Falta d’ educação
Falta d’ memória
Falta d’ água
Falta d’água de chorar
Falta d’água pra beber

Águas de março que param o trânsito
Brasil não é brincadeira, há seriedade no carnaval que passa
Há seriedade no samba da moça de cabelo duro e nos corações de um povo sem pátria
Brasil não é brincadeira, há seriedade no verão
Verão sonhos desmantelados

Caminham a massa sem rosto
Indecisa, sem caminho
Os poetas populares andam em desalinho
Nem anônimos são
Eles perderam a dimensão
De como a importância deles
Marcam uma história
Os poetas populares não gostam mais de poesia
Precisam ganhar a vida

O povo se esqueceu dos seus poetas populares
E os poetas populares se esqueceram de cantar o povo  

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