À
Elisa Lucinda
O
povo não conhece os seus poetas populares
Um
violeiro morreu atropelado no meio da calçada
Cantava
música de caipira
Que
ninguém conhecia
A
viola morreu desconsolada
Porque
nenhuma criança queria aprender tocá-la
O
povo esquece os seus poetas populares
Que
cantavam uma história de sangue e glória
De
um povo que o povo não quer lembrar
A
memória do Brasil é uma invenção Brazileira
O
povo que morre à toa por tristeza
Falta
d’ comida
Falta
d’ educação
Falta
d’ memória
Falta
d’ água
Falta
d’água de chorar
Falta
d’água pra beber
Águas
de março que param o trânsito
Brasil
não é brincadeira, há seriedade no carnaval que passa
Há
seriedade no samba da moça de cabelo duro e nos corações de um povo sem pátria
Brasil
não é brincadeira, há seriedade no verão
Verão
sonhos desmantelados
Caminham
a massa sem rosto
Indecisa,
sem caminho
Os
poetas populares andam em desalinho
Nem
anônimos são
Eles
perderam a dimensão
De
como a importância deles
Marcam
uma história
Os
poetas populares não gostam mais de poesia
Precisam
ganhar a vida
O
povo se esqueceu dos seus poetas populares
E
os poetas populares se esqueceram de cantar o povo
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