à Leila Diniz
as flores murcham às 4h e meia
desfolham as viçosas manhãs
sem dizer adeus
deixam as camas desarrumadas
fogem
sem beijos de despedidas
seus olhinhos safados
pedem mais carinhos línguas
disparadas pelo corpo
cadentes e sozinhas
elas pedem
um pouco mais
desaparecem
as flores desabrocham depois das
dez
acobertadas de espinhos
embelezando o seu cheiro gostoso
elaborando suas pétalas
com cor de vida
beijam sozinhas
acordam mais belas
fugitivas
as flores morrem aos vinte e sete
mitificam-se e nem sempre
renascem
às seis da manhã
permanecem
lindas
anônimas
as flores são mais atraentes
que as fotos
elas gritam
as calcinhas da bunda tiram
gozam
às cinco, seis, quatro
(trepam de manhã, de tarde ou de
noite)
as flores são malvadas
(desnecessárias),
mas como gosto delas!
gosto tanto que um dia
serei uma
Nenhum comentário:
Postar um comentário