quinta-feira, 22 de maio de 2014

Um sonho de flor

                               à Leila Diniz

as flores murcham às 4h e meia
desfolham as viçosas manhãs
sem dizer adeus
deixam as camas desarrumadas
fogem
sem beijos de despedidas

seus olhinhos safados
pedem mais carinhos línguas
disparadas pelo corpo
cadentes e sozinhas
elas pedem
um pouco mais
desaparecem

as flores desabrocham depois das dez
acobertadas de espinhos
embelezando o seu cheiro gostoso
elaborando suas pétalas
com cor de vida
beijam sozinhas
 acordam mais belas
fugitivas

as flores morrem aos vinte e sete
mitificam-se e nem sempre renascem
às seis da manhã
permanecem
lindas
anônimas

as flores são mais atraentes
que as fotos
elas gritam
as calcinhas da bunda tiram
gozam
às cinco, seis, quatro
(trepam de manhã, de tarde ou de noite)

as flores são malvadas
(desnecessárias),
mas como gosto delas!
gosto tanto que um dia

serei uma

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