Os
fantasmas são invisíveis. Procuro, às vezes, fiapos dessa pessoa no meu
pensamento, a natureza da paixão é afetar o presente. A presença dos olhos que
um dia acariciou o meu ego, não existe mais, guardo mágoas. Foi uma pessoa que
apareceu nas aparências de outras pessoas. Não esqueço as marcas da minha alma,
(o ódio é sempre a busca por uma das formas de amor).
Ame
uma lembrança, passa, então, uma vida inteira amarrada por ilusões e nostalgias
de um tempo que nem era tão bom. A infância marca momentos, somos crianças até
os nossos cem anos, - eis a força do verbo “foi”; eis a presença da
irregularidade do verbo ser. Vexame de tempo que causa a mim toda a vez que te
encontro, não o amo e nem o odeio. Apenas, enxergo que o seu fantasma é
imprescindível ao meu caráter e a força do apesar de não é suficiente para fazer
minha vida separar-se completamente da sua ausência.
Não
amo mais a sua pessoa, o vexame é o verbo amar na própria busca de conhecimento
humano. Passo a te odiar, afetando o meu passado para acontecimentos ruins;
passo a te amar, afetando o meu passado para acontecimentos magníficos. A
imagem desse fantasma é inaparente, portanto, preencho com todas as
possibilidades do mundo, inclusive sobreponho minhas incongruências de caráter
para, na verdade, definir a mim mesmo. O vexame é esse: nosso amor foi uma
história contada somente por uma pessoa ao bel prazer e semelhança, como um
Deus, invento um amor e elejo como o melhor de todos. Me impedindo, seriamente,
de viver todos os outros que existem no mundo.
Os
fantasmas são invisíveis, não os olho, não conheço as cores deles, não sei se
eles conhecem a natureza ridícula da figura humana. Amo-os por conta da
natureza misteriosa e estranha que provoca a mim; ridicularizo-os por conta da
minha natureza selvagem de negar que eles são uma invenção de algo que não
consegui me livrar. Meu passado assombra minha porta, um vexame que inaugura um
dado real, a não realização e negação da minha presença sentimental (não
puramente racional) em vários momentos da vida. A figura completa de um ser
muito mal resolvido na vida diante da sua total falta de entendimento da
natureza selvagem que esconde e do seu próprio passado que parece não ter
vivido intensamente. O tempo é invisível demais aos nossos olhos.
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