quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Telefone

- alô! Alô? Tem alguém aí no outro lado da linha? Eu só queria conversar com você. Como vai você? Pergunte pra mim também. Ok. Ok. Eu vou imaginar que tem alguém do outro lado da linha perguntando isto: "Olá, como vai você?". Vou até fazer uma outra voz: "Oi, pequena, como vai você? Me conte o seu dia"

 Ei voz invisível, aconteceu tanta coisa hoje. Cheguei em casa e coloquei aquela canção do Roberto, sabe, lembrando do tipo célebre que Ana C. descreveu num certo poema disperso. Esquecida, destemida, penso que, dessa vez, o fim é definitivo.  Ó voz invisível, já fiz de tudo para esquecer essa pessoa.

Aprendi inglês, dancei Ragatanga, desenhei, toquei "Hey Jude" no violão, fiz uma viagem para Peru, perambulei asfaltos. Aí, fui dramática, chorei demais, pensei numa cena para fazer esse tipo célebre voltar pra mim. Hoje, vou me suicidar com pílulas anticoncepcionais, deitar em cima da privada e cantar: "por isso eu sou vingativa! Vingativa! Vingativa! Vigantivaaa".

Não tem como se apaixonar e emburrecer pouco?

Pera aí! Não desligue, voz invisível, porra, eu só quero conversar com alguém, (mesmo que esse alguém não exista), não me deixe falando com o teto. Eu já disse que eu te amo. Eu te amo. Nunca falei isso pra ninguém. Nem pro tipo célebre eu disse essa frase, ao contrário, eu disse que odiava ele. Era mentira; eu nem sentia ódio e nem amor o que eu tinha era muito tesão. Pior que levar pé na bunda apaixonada, é levar pé na bunda com calcinha molhada. Fiquei puta! Puta mermo! Sabe o que fiz? Na-da. Só comi uma caixa de chocolate inteira e fui pra casa assistir Faustão. Deprimente, né!

ei, voz invisível, mas a história de suicídio é verdade, vou me matar com essa caixa de anticoncepcional e é pra já! Tô começando agora. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, dez. 30 pílulas na minha boca, vou engolir tudo com vinho barato, vou morrer assim. Aí, meus harmoniosinhos, todos revoltados querendo briga. Não adianta pedir as suas coisas de volta, não adianta, meu querido, eu estou indignada com a sua ausência. Olha só, minha cartela de anticoncepcional vazia! Eu só estou esperando o efeito da morte, tchau vida!

Não tem mesmo como se apaixonar sem se emburrecer

Você não me entende que sou essa bolha de tesão e sentimentos, eu sou essa coisa toda confusa. Você não entende, pera aí, voz invisível, não vai embora, não me deixa sozinha, eu detesto ficar sozinha, eu não sei o que fazer. Eu não consegui me matar. Poxa, a culpa é sua! Ei, eu não consigo te esquecer, me emburreço tanto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário